Hoje perdi mais uma pessoa... Uma pessoa que foi essencial para meu aprendizado. Minha professora de literatura do colégio, que não era apenas uma professora, era uma mãe para todos os alunos que puderam ter a honra de assistir suas aulas. Com uma letra linda ela ocupava a lousa com seus resumos maravilhosos e simples sobre os autores, suas obras e as épocas literárias. Professora Denise era aquela pessoa que você não se cansava de assistir, tanto que sua aula de sábado - não obrigatória - que ensinava as técnicas de redação, eram sempre lotadas. E foi com ela que aprendi a escrever, foi com ela que aprendi a ter êxito em minhas redações.
Ela é uma pessoa inesquecível, que vivia nos contando suas aventuras mundo afora. Nos contava que foi criada por uma família japonesa. Nos contava que tinha pouquíssima visão (mas em dia de prova ela enxergava tão bem, que duvidávamos). Nos contava que tinha um problema do dedo mindinho e não conseguia dobrá-lo (mas quando ia pegar a apostila, dobrava-o perfeitamente; e quando ficávamos olhando e nos perguntando como, lá ia o dedinho dela se levantando). Tinha um "namorado" em cada sala, quando implicava com um aluno (geralmente o mais tímido da sala) perguntava: "e aí, vai continuar me enrolando ou vai me pedir em casamento?". São muitas as lembranças! E os aprendizados então, nem se fale. Era rica em conhecimento e em simpatia. Ela nos trazia vídeos para assistirmos no anfiteatro da escola, e quando trouxe o documentário sobre um dos meus escritores favoritos - Fernando Pessoa - logo veio me contando, e fez questão de se sentar ao meu lado e compartilhar a minha ansiedade em aprender! Uma vez ela me disse que só conseguíamos escrever bem quando estávamos chateados, em tempos difíceis. Demorei a entender isso. Mas depois de anos, percebo que nada se compara a um texto triste. Quanta saudade vai nos deixar...
Mais uma pessoa vencida por uma doença ridícula (eu me sinto a vontade de assim chamar, tendo em vista que já estou familiarizada com a mesma).
E mais uma vez, perdi o jogo contra o tempo. Mais uma vez não consegui visitar alguém antes que fosse tarde demais. Mais uma vez...
O que me resta agora é pedir perdão. Me desculpe, grande Professora, por não ter ido visitá-la e ter dado o apoio que tanto necessitou nesse momento difícil.
Vai em paz, e saiba que deixou muitas saudades entre seus conhecidos.
# desabafo de uma aluna #
Ela é uma pessoa inesquecível, que vivia nos contando suas aventuras mundo afora. Nos contava que foi criada por uma família japonesa. Nos contava que tinha pouquíssima visão (mas em dia de prova ela enxergava tão bem, que duvidávamos). Nos contava que tinha um problema do dedo mindinho e não conseguia dobrá-lo (mas quando ia pegar a apostila, dobrava-o perfeitamente; e quando ficávamos olhando e nos perguntando como, lá ia o dedinho dela se levantando). Tinha um "namorado" em cada sala, quando implicava com um aluno (geralmente o mais tímido da sala) perguntava: "e aí, vai continuar me enrolando ou vai me pedir em casamento?". São muitas as lembranças! E os aprendizados então, nem se fale. Era rica em conhecimento e em simpatia. Ela nos trazia vídeos para assistirmos no anfiteatro da escola, e quando trouxe o documentário sobre um dos meus escritores favoritos - Fernando Pessoa - logo veio me contando, e fez questão de se sentar ao meu lado e compartilhar a minha ansiedade em aprender! Uma vez ela me disse que só conseguíamos escrever bem quando estávamos chateados, em tempos difíceis. Demorei a entender isso. Mas depois de anos, percebo que nada se compara a um texto triste. Quanta saudade vai nos deixar...
Mais uma pessoa vencida por uma doença ridícula (eu me sinto a vontade de assim chamar, tendo em vista que já estou familiarizada com a mesma).
E mais uma vez, perdi o jogo contra o tempo. Mais uma vez não consegui visitar alguém antes que fosse tarde demais. Mais uma vez...
O que me resta agora é pedir perdão. Me desculpe, grande Professora, por não ter ido visitá-la e ter dado o apoio que tanto necessitou nesse momento difícil.
Vai em paz, e saiba que deixou muitas saudades entre seus conhecidos.
# desabafo de uma aluna #
"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso." - Fernando Pessoa